Está a decorrer, em Matosinhos, o ESAD World Graphics Day 2014. Organizado pela ESAD – Escola Superior de Artes e Design e pela Câmara Municipal de Matosinhos, o EWGD é o evento que, desde 2011 tem, procurado – com sucesso – celebrar e discutir o design nacional. A quinta edição decorre sob a insígnia “Beyond Graphics”, num compromisso de abertura do programa às várias áreas do design. Para quem não pode estar no Cine-Teatro Constantino Nery, em Matosinhos, fica a conversa de antecipação com o Prof. José Bártolo, comissário do EWGD 2014 e presidente do Conselho Científico da ESAD Matosinhos.
“Beyond
Graphics”: a quinta edição do ESAD World Graphics Design vai “para além do
gráfico”. Em termos temáticos, o que podemos, então, esperar da edição de 2014?
Fomo-nos apercebendo que há, no
design contemporâneo, uma crescente tendência dos projectos se abrirem e
explorarem diferentes escalas, meios, suportes e linguagens. Por essa razão,
actualmente faz mais sentido falar simplesmente em Design do que querer
compartimentá-lo a partir de definições estanque como "industrial",
"gráfico" ou outras. Beyond Graphics sublinha esta tendência e reúne
criadores que podem ser mais conhecidos pelo seu trabalho como ilustradores,
designers de objectos ou de moda, mas que pertencem a uma mesma área criativa
que é o design.
Como se vai estruturar o programa da conferência?
Contamos, nesta edição, com 18
participantes. Uma vez mais, o evento reúne diferentes gerações e junta, em
Matosinhos, estúdios e designers vindos de todo o país, do Porto a Lisboa,
passando por Castelo Branco. As 18 apresentações distribuem-se por dois blocos.
O alinhamento só será conhecido em directo.
De uma forma ou de outra, todos estarão ligados ao
design, mas de que áreas provêm os convidados deste ano?
De áreas diversificadas. Temos
directores de arte com um percurso profissional de mais de 40 anos (como o
Manuel Peres) e jovens ilustradores (como a Maria a Miserável), designers de
Moda (como a Maria Gambina) e estúdios de design de comunicação
multidisciplinares (como o White Studio). Acreditamos que essa diversidade
realça a grande criatividade que caracteriza o design português actualmente.
Quem poderá ter interesse em estar no dia 30 no
Cine-Teatro Constantino Nery a assistir às apresentações e às palestras?
Nas edições
anteriores o Cine-Teatro Constantino Nery lotou rapidamente. Quem
preenche a sala são, fundamentalmente, estudantes de design e profissionais da
área.
O EWGD pode ser encarado como uma celebração do design
nacional. Em jeito de antecipação, como está o design em Portugal? Atravessamos
uma altura complicada para todos, mas para as áreas artísticas e da comunicação
em particular…
Os criativos
foram-se habituando a trabalhar em contextos adversos. Os últimos anos têm sido
particularmente difíceis. Muitos excelentes designers portugueses trabalham,
agora, fora de Portugal. A qualidade não se ressentiu, a criatividade não se
perdeu, mas celebrar o design nacional obriga-nos, também, a chamar a atenção
para a necessidade de mudanças que passam, desde logo, por um maior
reconhecimento do valor de muitos e muitos estúdios e designers
portugueses.
Texto: Luís Lima
Fotografia: Direitos Reservados
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